14 de jan. de 2011

Lágrimas na chuva: a extraordinária cena final de Blade Runner

“(...) nos revoltamos contra a violência porque sabemos que nada que o homem fez e que o torna humano nasceu da violência e sim contra ela. Nos horrorizamos diante da violência, não apenas porque ela e através dela o homem pode mostrar-se mortalmente destrutivo, mas porque sabemos que a vida cultural nasceu e permanece viva através de pactos sem armas, através de atos de paz”.

Jurandir Freire Costa, 2003.




O androide protagonizado por Rutger Hauer é perseguido implacavelmente pelo blader runner interpretado por Harrison Ford. Após um brutal combate ele triunfa e deixa o seu algoz pronto para a morte. No entanto, algo o faz interromper a sua rota de fuga levando-o de volta ao encontro de seu perseguidor. Com uma pomba branca em uma de suas mãos salva a vida de seu caçador.


A escolha final

Poderia deixá-lo morrer. Não o fez!


Se preponderasse em seu espírito o sentido de “justiça” guiado pelo revide, a balança se equilibraria novamente com a morte do blader runner. A vida deste pela de tantos outros androides.

Consciente da proximidade de sua morte, da efemeridade de sua existência, decide salvar a única vida que pode, pois a sua já não era mais possível.

Ao salvar a vida de seu algoz ele expressar o que lhe é mais caro no instante final de sua vida: o imponderável desejo pelo reconhecimento de sua singular experiência. Mas do que a vingança lhe importava o reconhecimento de sua humanidade.

Para ele o insuportável não era a morte, mas sim o esquecimento. Toda a beleza e a magnitude que guardava em sua existência não poderiam se perder para sempre como lágrimas na chuva. O encontro final concede ao androide uma fração de imortalidade, pois sua existência, sua história se conectou com uma outra.




"É uma experiência e tanto viver com medo, não é? É isso o que é ser um escravo", diz o androide.

https://youtu.be/RJ6ytUF7Ado



Assista a cena "Lágrimas na chuva" AQUI


“Espinoza dizia que se o homem evita alguma coisa baseado em que ela é nociva, ele age como um escravo. Segundo Espinoza, só é livre o homem que evita essa mesma coisa porque outra coisa é melhor. (...) Toda relação não livre com um objeto, todo medo e toda dependência já significam a ausência de sentimento moral. O ético é sempre livre em termos psicológicos”(VIGOTSKI, 306 e 307, 2004).

“O comportamento ético deve basear-se não em uma proibição externa mas em um comedimento interno, ou melhor, naquilo que deva levar o homem a um ato bom e bonito”(VIGOTSKI, 316 e 317, 2004).



Sinopse


O filme descreve um futuro em que a humanidade inicia a colonização espacial, para o que cria seres geneticamente alterados - replicantes - utilizados em tarefas pesadas, perigosas ou degradantes nas novas colônias. Fabricados pela Tyrell Corporation como sendo "mais humanos que os humanos", os modelos Nexus-6 são fisicamente idênticos aos humanos, mas são mais fortes e ágeis. Devido a problemas de instabilidade emocional e reduzida empatia, os replicantes são sujeitos a um desenvolvimento agressivo, pois o seu período de vida é limitado a quatro anos.

Após um motim, a presença dos replicantes na Terra é proibida, sendo criada uma força policial especial - blade runners - para os caçar e "aposentar" (matar). O filme relata como um ex-blade runner - Deckard - é levado a voltar à ativa para caçar um grupo de replicantes que se rebelou e veio para a Terra à procura do seu criador, para tentar aumentar o seu período de vida e escapar da morte que se aproxima.

Um a um os replicantes são caçados, e ao longo do filme parecem adquirir características humanas, enquanto os verdadeiros humanos que os caçam parecem adquirir, cada vez mais, características desumanas. Ao fim, as questões que afligem os replicantes acabam se tornando as mesmas que afligem os humanos.

Mais detalhes sobre o filme e sua belíssima trilha sonora.

13 de jan. de 2011

IMAGENS FORMADORAS

TEMPO DE TRAVESSIA




Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

Fernado Teixeira de Andrade

SOBRE A ALIENAÇÃO DE SI MESMO

Cena do filme Quando Nietzsche Chorou (When Nietzsche Wept)


Cena do filme As horas (The Hours)



Cena do filme Johnny e June (Walk the Line)



SOBRE FORMAS DE LIDAR COM AS PERDAS

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Cena do filme A Intérprete (The Interpreter)


SOBRE A AUTONOMIA FEMININA


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Cenas do filme A Vida no Paraíso (Så som i himmelen)



SOBRE O CICLO DE VIOLÊNCIA